sábado, 20 de julho de 2013

Por que a Abin é subordinada ao GSI?


[Por que a Abin, um agência de inteligência civil, é subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional que é dirigido pelo General José Elito. Relembro que a Lei que criou a Abin estipulava que ela ficaria subordinada ao Presidete da República. Na época FHC, patrocinou uma MP transferindo a subordinação da Abin para o GSI. Portanto, uma MP alterando uma Lei. Considero esta medida ilegal. Onde anda o Congresso Nacional?]

Grupos extremistas preocupam para JMJ, diz diretor de terrorismo da Abin

Em entrevista ao G1, Sallabery defende lei que defina e puna terror no país.
Para Copa e Olimpíadas, pede engajamento da sociedade, 'sem paranóia'.

Tahiane Stochero Do G1, em São Paulo
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SAllaberry (Foto: Saulo Cruz/Agência Câmara)Diretor de terrorismo diz que a Abin monitora alvos,
mas que risco para JMJ é baixo
(Foto: Saulo Cruz/Agência Câmara)
Apesar de apontar como baixo o risco de um atentado terrorista ocorrer durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) está monitorando grupos extremistas radicais, chamados de “alvos sem cara”, e que poderiam promover ataques durante o evento religioso.

Em entrevista exclusiva ao G1, o diretor de Contraterrorismo da Abin, Luiz Alberto Sallaberry, diz que estas organizações, que agem motivadas por crimes de ódio, rancor, princípios antissemitas ou antiamericanos, dentre outros, são uma preocupação para a JMJ, que reunirá mais de 1,5 milhão de pessoas no Rio de Janeiro entre 22 e 28 de julho.

Sallaberry defendeu também maior engajamento da sociedade na prevenção ao terrorismo no país e pediu que o Congresso acelere a discussão sobre uma lei que criminalize o tema - o Brasil não tem uma legislação que tipifique e puna o terror.
“Os grupos extremistas radicais, que chamamos de alvos sem cara, agem de forma descentralizada e sem vinculações com grupos terroristas formais. As ações deles podem ser de forma muito simples, com equipamentos acessíveis no dia a dia, como bombas caseiras, mas com potencial de gerar grande pânico”, diz Sallaberry.

“Monitoramos qualquer tipo de ameaça, de qualquer natureza, 365 dias por ano, 24 horas por dia. Realizamos atividades preventivas e todas as eventuais ameaças que tivemos foram de perfil muito baixo. Até o momento, não tivemos nenhuma confirmação de que algo pudesse se materializar de fato. As informações foram checadas e afastadas”, afirma Sallaberry, que é formado em engenharia elétrica e economia e atua na área de inteligência há 30 anos.

O terrorismo é elencado pela Abin como uma das “fontes de ameaça” para a JMJ, mas com menor potencial. As maiores preocupações são as manifestações de grupos de pressão, movimentos reivindicatórios, crime organizado, criminalidade comum e acidentes de trânsito.

Os cuidados com terrorismo em grandes eventos foram redobrados no país após os atentados na Maratona de Boston, em 15 de abril, quando dois jovens usaram bombas caseiras em panelas de pressão e provocaram a morte de três pessoas, deixando mais de 170 feridas. Além dos “alvos sem cara”, outro foco de atenção em relação ao terrorismo são os “lobos solitários”, pessoas que agem sozinhas, como foi o caso do turco Mehmet Ali Agca, que tentou matar o Papa João Paulo II, em 1981, em um atentado na Praça de São Pedro, no Vaticano. Na ocasião, o Pontífice foi ferido por dois tiros e o turco, preso.
Monitoramos qualquer tipo de ameaça, de qualquer natureza, 365 dias por ano, 24 horas por dia. Realizamos atividades preventivas e todas eventuais ameaças que tivemos foram de perfil muito baixo"
Luiz Alberto Sallaberry,
Diretor de Contraterrorismo da Abin
“Lobo solitário é como chamamos indivíduos ou grupos de pessoas restritos, que atuam sem uma liderança formal concreta. É alguém que se encanta pelo apelo de uma ideologia ou um movimento, se informa pela internet ou pelas redes sociais, se acultura dessa organização, e resolve planejar um atentado simples”, explica o diretor.

Segundo a Abin, a preocupação com terrorismo, atualmente, independe do local onde os grandes eventos serão realizados. “Onde há uma grande preocupação com segurança, com detectores de metais, equipamentos, para onde todos os holofotes estão voltados - como os estádios, durante a Copa das Confederações – aquele é um lugar mais difícil de um atentado ocorrer, já que há todos os dispositivos à disposição para prevenir isso”, aponta ele.

exército terrorismo (Foto: Brigada de Operações Especiais/Divulgação)Tropa de combate ao terrorismo do Exército treina
em Goiânia
(Foto: Brigada de Operações Especiais)
'Alarmes falsos'
“Para a JMJ, não houve nenhuma ação concreta, sempre existem alarmes falsos. Não dispensamos nenhuma informação, tudo é sempre avaliado até que a ameaça seja descartada”, explica ele.

Os agentes fizeram, inclusive, uma pesquisa no credenciamento da Jornada, verificando se havia algum “comportamento de risco”. Mas a análise é apenas uma formalidade. “Quem vai fazer um ato, não faz o credenciamento normal, pois sabe que pode ser barrado”, salienta.

Apesar de dirigentes da organização italiana Camorra e do grupo separatista basco ETA terem sido presos escondidos Brasil, Sallaberry diz que a Abin desconhece a atuação de grupos terroristas no país e que “não há indicativas” de que as manifestações que estão ocorrendo em vários estados sejam usadas para ataques.

Precisamos avançar no conceito e é preciso que o Congresso criminalize esta ação (terrorista) pois, caso algo ocorra, isso pode trazer problemas sérios ao país no sentido de não adotar punições para casos desta natureza"
Sallaberry,
diretor da Abin
Ele defende, porém, a necessidade de a população brasileira amadurecer na questão, já que o país não tem uma definição para o termo nem uma legislação que trate como crime o terrorismo.

A preocupação é com os dois grandes eventos que o Brasil sediará nos próximos anos – a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016 – que trarão equipes de todo o mundo. Há no Congresso sete projetos que pretendem tratar da questão, todos em avaliação.

“O Brasil considera como grupos terroristas apenas a Al-Qaeda e o Talibã. Precisamos avançar no conceito e é preciso que o Congresso criminalize esta ação pois, caso algo ocorra, isso pode trazer problemas sérios ao país no sentido de não adotar punições para casos desta natureza”, afirma Sallaberry.

“É preciso que o Congresso encontre um caminho rápido e lidere um debate nacional sobre o tema, que tem que ser uma preocupação nacional. Sem paranóia, sem achar que é a coisa mais importante, mas no sentido de causar uma percepção da necessidade das pessoas se engajarem com a temática. Inteligência é uma responsabilidade de todos”, acredita o diretor.

Funcionários fazem os últimos ajustes do palco. (Foto: Mariucha Machado/G1)Mais de 1,5 milhão de fiéis são esperados para a
missa do Papa em Guaratiba, na JMJ
(Foto: Mariucha Machado/G1)
Espionagem americana
A Abin troca informações com agências de 82 países e, inclusive, nesta semana, às vésperas da JMJ, pediu um novo informe sobre possíveis riscos aos contatos pelo globo.

Nos Estados Unidos, a Abin faz contato direto com a CIA (Agência Central de Inteligência) e diz não ter parceria com a NSA (Agência de Segurança Nacional). Segundo reportagem do “O Globo”, a NSA manteve  uma central de espionagem em Brasília, vasculhando e-mails e telefones de pessoas e órgãos brasileiros. As informações foram reveladas pelo o ex-técnico da CIA Edward Snowden.

Segundo a Abin, era sabido que a inteligência americana monitora “sinais” a nível mundial, mas até então não havia provas disso. A entidade disse que não ia se manifestar sobre as denúncias de Snowden.

Sallaberry diz que a Abin não faz escutas, mas que trabalha com várias fontes de informação, inclusive mantém um sistema integrado a mais de 35 órgãos em 17 ministérios. Ele defende o entrosamento da sociedade civil, organizações não governamentais, empresas e pessoas na comunidade de inteligência. A agência, inclusive, buscará manter maior contato com a população nos próximos grandes eventos.

“Já tivemos tentativas de infiltração dentre candidatos aos concursos da Abin. Este é um dos problemas que temos, pois a seleção ocorre desta forma. Mas as tentativas foram identificadas e barradas”, afirmou o diretor de Contraterrorismo da Abin, sem explicar se se trataram de organismos estrangeiros ou de grupos criminosos nacionais.

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