sábado, 27 de abril de 2013

(Planalto + Exército) vs. Polícia Federal



O Estado de S. Paulo, 26 de abril de 2013
Crise provoca troca de comando na segurança

Delegado da Polícia Federal pede para deixar cargo após enfrentar sequência de desgaste político

Alana Rizzo / Brasília

 

Em meio a uma nova crise, a Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos (Sesge), subordinada ao Ministério da Justiça, vai trocar pela segunda vez de comando. O delegado da Polícia Federal, Valdinho Jacinto Caetano, pediu na última quinta-feira para deixar o cargo após uma sequência de desgastes na condução da política de segurança pública para os grandes eventos. Ex-corregedor-geral da PF, Caetano assumiu o cargo em fevereiro de 2012 após a saída de José Ricardo Botelho, também delegado da PF.
O estopim da renúncia foi a ríspida discussão de Caetano com o chefe do Estado Maior do Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), general José Carlos De Nardi, em reunião com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, na última quarta-feira. O motivo seria a insatisfação da PF com o papel privilegiado dado ao Ministério da Defesa na segurança de grandes eventos, o que gera atritos desde o início do governo Dilma.
Caetano teria ficado irritado com a postura da ministra, supostamente inclinada a defender os pontos de vista do general, e avisado sobre sua saída. Ela, então, teria se retirado. O bate-boca, com dedos em riste, teria se prolongado.
O chefe da Sesge comunicou sua saída ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na quinta-feira. Ontem, Cardozo reuniu-se no início da noite com a presidente. Na PF, contudo, o pedido de demissão do secretário é dado como definitivo. Já há inclusive um nome cotado para substituí-lo: o também delegado da PF, Andrei Augusto Passos Rodrigues, que hoje ocupa o cargo de oficial de ligação em Madri e foi chefe da segurança de Dilma quando ela era candidata. O diretor-geral da PF, Leandro Daiello, deve levar o nome de Andrei ao ministro Cardozo na próxima semana.
Contudo, desde o ano passado o Planalto planeja substituir o titular da secretaria por um representante do Ministério da Defesa. É que a presidente Dilma Rousseff decidiu privilegiar o papel das Forças Armadas no comando da segurança dos grandes eventos. A intervenção da presidente na estrutura ocorreu depois que Dilma formou convicção de que na greve os policiais federais agiram para atemorizar a sociedade em aeroportos, postos de fronteira e portos. Na época, assessores diretos da presidente afirmaram que ela considerou absurda a forma como os policiais federais agiram durante a greve.
Após o episódio, uma portaria começou a redistribuir as verbas de segurança em eventos e privilegiou os comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica. Com orçamento previsto de R$ 1,8 bilhão, a secretaria foi criada em agosto de 2011 e é responsável pelas ações de segurança em grandes eventos, como a Copa das Confederações, Copa de 2014 e a Rio 2016.
Em março, o delegado Luiz Carlos de Carvalho Cruz, então diretor de Operações da Sesge, foi exonerado após o Estado revelar que ele teria enviado a dezenas de autoridades federais um e-mail propondo adesão ao chamado golpe da pirâmide.


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