domingo, 12 de dezembro de 2010

Polícia Civil do B

Folha de S. Paulo, 12 dezembro 2010.

Guerra interna da Polícia Civil complica investigações

Parte da corporação e Promotoria apontam filha como mandante e parte vê latrocínio cometido por ex-zelador

ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Em de abril, Adriana Villela foi ouvida durante cinco horas pela delegada Mabel Faria, da Corvida (Coordenação de Crimes Contra a Vida).
Foi a primeira vez que a arquiteta seria inquirida como acusada pelo triplo homicídio que tem entre as vítimas o seu pai, José Guilherme Villela, ex-ministro do TSE.
O depoimento foi gravado, como é praxe na unidade especializada da Polícia Civil do Distrito Federal. Parte fundamental do inquérito, a fita sumiu. Há suspeita de que ela teria sido destruída.
"É um absurdo que esta e outras peças chaves tenham desaparecido dos autos", diz Francisco Caputo, presidente da OAB do Distrito Federal.

DIVISÃO
Trata-se de de apenas um dos vários problemas de uma investigação marcada por reviravoltas e disputas de poder internas da Polícia Civil.
De um lado, Mabel Faria, que preside o inquérito via Corvida. Do outro, Deborah Menezes, titular da 8ª DP, que prendeu Leonardo Alves, que confessou ser o autor dos assassinos e, posteriormente, apontou Adriana como mandante do crime.
Depois de 14 meses, o crime começou a ser elucidado a partir de uma pista fornecida por um presidiário. Em regime semiaberto, ele teria procurado a 8ª DP para informar que um companheiro de cela havia dito que o pai matara o ex-ministro, a mulher e a empregada da família.
O informante denunciou à OAB que foi pressionado pela delegada Mabel Faria. Esta, por sua vez, acusou a colega Deborah de ter obtido a pista mediante suborno.
Um processo administrativo apura eventuais excessos.
"Toda a ação policial do caso deve ser analisada, já que temos diversas delegacias produzindo elementos contraditórios", diz Luiz Gustavo Lima, promotor do Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial do Distrito Federal.

VAI E VOLTA
A 8ª DP, de Deborah Menezes, apresentou a tese de que foi latrocínio. Dias depois, ao reassumir o caso, Mabel Faria declara que Adriana é apontada como mandante, a partir de novos depoimentos dados por Leonardo.
O promotor Maurício Miranda, que denunciou a filha dos Villela à Justiça antes mesmo que os supostos executores fossem descobertos, endossa a segunda tese.
Os advogados de Adriana pedem o afastamento de Mabel Faria. "Falta imparcialidade, já que a reputação dela está em jogo por ter indiciado Adriana antes do esclarecimento do crime", afirma Rodrigo de Alencastro.
A primeira delegada do caso, Martha Vagas, da 1ª DP, foi desligada depois de aceitar a "ajuda" de uma vidente.
O diretor-geral da Polícia Civil do DF, Pedro Cardoso, informou que só se manifestará após o fim da apuração.

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